26 de jun. de 2007

"Como Unha E Carne"

A expressão é usada há décadas (quiçá séculos) e quer dizer que são pessoas muito unidas, inseparáveis.... A expressão não faz o menor sentido, pra começo de conversa. 89% das mulheres que eu conheço pagam o equivalente a uma caixinha de cerveja para uma profissional justamente tirar a carne que fica lá grudada na unha, que também é conhecida como cutícula (a expressão é usada por algumas pessoas como “unha e cutícula” também), o que faz o significado da expressão cair por terra. Ninguém, na verdade quer o carne tão junto assim, da unha. Às vezes elas (as profissionais) não são assim, tão profissionais e tiram além da cutícula uma parte da carne que deveria ter continuado lá no dedo... é quando falamos que ela “tirou um bife”. Dói, e sangra e normalmente acaba com toda aquela manicure que a gente tava fazendo, mas a gente tem que pagar mesmo assim. Ela passa uma tal de “pedra ume” que faz parar de sangrar, lixa, passa base, esmalte, outra camada de esmalte, talvez um cintilante (brilho é sempre bom!), limpa as beiradinhas com acetona (as partes com o “bife” nessa hora nos fazem ver estrelas de dor), e depois passa um óleo secante (que não seca nada, só meleca tudo, mas tem que passar). Pronto. Essa é um das formas de cuidar das unhas. Talvez a mais cara, dolorosa e trabalhosa... Porém higiênica.

A expressão do título pode passar a fazer sentido, no entanto, se o “como” passar a ser o verbo comer no presente, primeira pessoa do singular.

É que existe uma outra forma de se tratar das unhas que é praticamente um exercício de autofagia que consiste em você comer as suas próprias unhas. Elas ficam curtas, muito curtas mesmo. Algumas pessoas praticantes dessa modalidade chegam a comer pedaços dos dedos... As pessoas vão, de fato, ficando com os dedos cada vez mais curtos... É feio! Mas é muito eficaz quando você está nervoso e precisa de uma válvula de escape e não tem um cigarro, por exemplo. Eu já ouvi dizer que essas pessoas, que comem pedaços delas mesmas, correm mais riscos de ter apendicite. Aparentemente, o apêndice serve pra guardar pedaços comidos de unha, a casquinha do milho da pipoca e pra te dar apendicite. Viu? E ainda dizem que ele não tem uma função...

Pois bem, mas tem uma variação dessa modalidade autofágica que consiste na pessoa cuidadosamente cortar as unhas com os dentes, cuspir a lasca de unha fora e depois, ainda com os dentes, ir dando umas lixadas nas unhas pra que elas não fiquem com aquelas pontinhas que se prendem nas roupas. Aí, é assim, a pessoa corta a unha, cospe fora o pedacinho e passa a mão na blusa. Havendo algum tipo de atrito, raspa-se a unha perpendicularmente em um dos dentes da frente, e testa de novo na blusa até conseguir o resultado perfeito. Essa modalidade só pode ser considerada meio-autofágica, já que o cidadão só engole as raspas da unha.

Existem ainda, as pessoas que arrancam as unhas com as próprias unhas. Elas vão desfiando a unha, e a tirando por camadas. Essa modalidade funciona muito bem nas unhas dos pés inclusive e proporciona uma sensação muito agradável, segundo os seus praticantes, principalmente quando se faz distraído e assistindo televisão (além dessa modalidade, somente a manicura é recomendada para as unhas dos pés, mas enfim, façam o que quiser). Tem a grande vantagem de não haver contato com a boca (a pessoa só engole a unha se der um ataque de ansiedade e resolver por conta e risco pegar as lascas de sua própria unha que vão estar espalhadas pelo sofá ou pelo chão da sala e fazer delas um chiclete). Porém tem duas desvantagens que devem ser consideradas. A primeira é que as beiradinhas das unhas quase nunca conseguem ser arrancadas, e aí tem que se recorrer aos objetos do tipo tesoura, cortadores de unha (vulgos TRIM) ou alicates, pois elas (as beiradinhas) incomodam um bocado. A outra é que, há relatos de a sensação de se arrancar a própria unha com as próprias unhas ser tão boa que a pessoa não se controla e acaba se machucando, arrancando mais unha do que devia.

Agora, ainda tem aquelas pessoas que mesmo com todos esses métodos disponíveis, preferem deixar suas unhas crescerem ao leu, sem nenhum cuidado especial... Para essas pessoas só mesmo camisa de força, por que sinceramente, não existe nada mais nojento no mundo do que você querer apertar a tecla D do seu teclado e a sua unha por vontade própria e apertar o E. Você tentar mandar uma mensagem no seu celular e não conseguir escrever uma palavra sequer por que a sua unha insiste em apertar a tecla de cima. Ou então quando você vai pegar um isqueiro na mesa do Valdeci e todas as sujerinhas da mesa se alojam embaixo da unha, ou pior (será?), quando você está suado e coça suas costas e suas unhas voltam cheias de uma massinha, que nada mais é que pele morta com suor. Não há, não existe nada mais nojento em todo o mundo. Me dá náuseas!

Este texto é uma colaboração da ilustre amiga Juliana. Apesar de reiteradas vezes ser convidada a participar deste humilde projeto, por enquanto ela prefere andar com as próprias pernas.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Eu já ouvi dizer que essas pessoas, que comem pedaços delas mesmas, correm mais riscos de ter apendicite. Aparentemente, o apêndice serve pra guardar pedaços comidos de unha, a casquinha do milho da pipoca e pra te dar apendicite. Viu? E ainda dizem que ele não tem uma função..."

Roer unhas não causa apendicite.
Roer unhas causa problemas para o leito ungueal, gerando ferimentos e infecções nos dedos, além de sugerir um estado de ansiedade de quem assim procede. A apendicite aguda é causada principalmente pela obstrução da base do apêndice, determinada pela presença de pequenos fragmentos de fezes endurecidas, chamados de fecalitos. A formação desses fecalitos é decorrente da nossa dieta, relativamente pobre em fibras vegetais. Há grupos étnicos, na África, onde não ocorre a apendicite aguda, e isto é atribuído à grande quantidade de fibras vegetais que essas pessoas ingerem.