12 de jun. de 2007

Quer comprar, vá ao bar

Queria saber como se sustentam os vendedores de rosas em bar. Nunca vejo ninguém comprar uma sequer.

Ora, se eu quisesse comprar rosas eu iria à floricultura. É o mais sensato nessa hora. Eu jamais iria a um bar esperar que um vendedor de rosas passasse pela minha frente. É o cúmulo do comodismo. Se eu quiser comprar uma bicicleta não vou pro bar encher a cara até que apareça um vendedor de bicicletas.

E mais, se vender rosas em bar fosse um negócio realmente lucrativo, acredito que os próprios bares fariam isso.

Cerveja (lata) R$ 1,80

Cerveja (600ml) R$ 3,20

Rosa (unidade) R$ 1,00

Rosa (buquê) R$ 9,90


“Na compra de uma cachaça com mel ganhe uma rosa”.


Mas os vendedores de rosas não estão sozinhos. Tem vendedor de tudo percorrendo os botecos. Às vezes me sinto numa churrascaria, num rodízio. Só que no lugar de carnes, bugigangas e panfletos. Podíamos dispor daquela plaqueta com “verde – aceito” e “vermelho – satisfeito”, afinal é muito desagradável negar as dúzias de ofertas que aparecem ao longo da noite.


“Não, não quero rosas. Não, minha esposa não vai ficar magoada, obrigado”. “Não, não quero chicletes. Nem balas, nem cigarros”. “Não, obrigado, sou alérgico a incenso. Sim, sim, eu sei que o de Jasmim aumenta a resistência física, mas eu não quero. É, nem o de sândalo branco também, não quero sucesso por enquanto, obrigado. Eu não quero! Eu não tenho dinheiro!! Certo, certo, pode deixar que quando eu precisar de dinheiro te procuro pra comprar um incenso de cravo, mal posso esperar. Tomara que uma crise financeira se abata sobre mim pra que eu compre logo um incenso de cravo”.


E a nova moda agora são as criancinhas vendendo paçoca. Elas disparam uma charada do tipo “o que é o que é” e se você acerta ganha uma paçoca. Se perde, é obrigado a comprar duas. Que emocionante. Me sinto num cassino, numa mesa de póquer. Adrenalina vai a mil. Será que vou ganhar uma paçoca grátis?!


Eles vendem de tudo. Massageadores pra cabeça, canetas, chaveiros, capas pra celular, jogos da loteria, bombons, amendoins. Antes que eu me esqueça: esses massageadores pra cabeça (aqueles que parecem uma gaiola de passarinho) são nojentos. Eles esfregam aquilo em quatrocentos e oitenta e três cabeças e depois chegam covardemente por trás e metem na sua nuca.


Nunca entendi exatamente porque os vendedores de amendoim jogam alguns exemplares na mesa e depois passam pra ver quem quer comprar. Deve ser pra deixar um “gostinho de quero mais”. “Hummm, agora que comi esse amendoim não consigo mais parar, preciso de mais meio quilo de amendoins. Vou passar o resto da noite enchendo o pança de amendoim só porque comi o primeiro que era de graça”. Vendedor covarde.


Há quem venda até o impossível: saber o seu futuro. Geralmente as mulheres é que aceitam esse tipo de “consulta” e, seja com cartas, leitura da mão, bola de cristal, etc., o resultado é sempre o mesmo: “Vai aparecer um homem na sua vida, mais velho, bonito. Vai ter um mais novo também, mas não vai dar certo porque ele é muito imaturo. Vai acontecer uma coisa ruim no seu emprego, mas você vai dar a volta por cima e vai acabar tudo bem. Alguém da sua família vai ficar doente, mas nada sério. Eu vejo uma viagem na sua vida, muito bonita. Vai ser ainda nessa década”. “Nossa, um três de copas, você vai ser muito rica” (?!?). “Essa linha aqui, perto do polegar, significa que você vai ter uma tragédia na sua vida, mas ainda falta muito tempo.” (???)


Existe uma relação interessante: quanto pior e mais inútil for o produto oferecido, maior vai ser a chantagem emocional. “Compra por favor esse chiclete sem marca, procedência e data de validade. Só R$ 1,00, pra ajudar”. “Conjunto com cinco canetas coloridas, pra ajudar o orfanato”. “Compra esse adesivo do homem-aranha, ou da Turma da Mônica, só pra ajudar um velho cheio de doenças. Compra, antes que eu tussa na sua porção de batata frita”. Onde vou colar um maldito adesivo da Magali comendo uma melancia? Onde?

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